Sentindo as mudanças na pele

Se é algo que eu posso me gabar na vida é gozar de boa saúde. Nunca tive nenhum problema grave, saúde debilitada ou sequer quebrei um osso do meu corpo. Aqui na Austrália o status mudou um pouco, mas nada tão grave que eu tenha que me preocupar demais.

O primeiro problema não sei se foi causado pela mudança na rotina alimentar ou se pela força do sol mesmo. Estou com algumas sardas no rosto que não saem. Eu achava tão bonito nas ruivas que mostravam como era possível serem lindas sem maquiagem, algo natural a elas, mas não em mim. Cheguei em Melbourne no inverno quando fazia cerca de 0º a 15º, de qualquer forma sempre passei protetor solar porque o maior buraco da camada de ozônio está localizado sobre a Austrália e, mesmo quando o sol não aparece, o risco é grande. Mas não adiantou. As sardas vieram pra ficar.

Outra mudança foi a perda de peso. Das pessoas que conheci, a maioria dos homens que vieram para a Austrália afirmaram ter pedido peso, enquanto que as intercambistas mulheres constataram um aumento nos números da balança. Eu não sei dizer exatamente o real motivo, mas meu corpo funcionou como se eu fosse um garoto. No começo perdi muitos quilos porque andava demais para conhecer a cidade, além disso, eu morava em casa de família e a comida era completamente diferente da habitual. Depois do primeiro mês continuei a emagrecer porque eu andava demais procurando emprego. E perdi ainda mais peso no terceiro mês, quando comecei a trabalhar e estudar direto, com uma rotina de horários malucos, eu não tinha tempo de comer direito.

Infelizmente aqui na Austrália não há balança em farmácias para se pesar, então fui emagrecendo sem me dar conta. Somente quando senti que estava ficando quase reta comprei uma balança num mercado e vi que havia perdido seis quilos. Pois é. Saí do Brasil com 50kg e em três meses de viagem estava com 44kg. Quase uma anorexia involuntária.

A perda de peso acarretou também numa baixa da imunidade, e por isso tive o primeiro problema de saúde que me fez ter que procurar um médico aqui na Austrália (ver neste post). Felizmente, não foi nada grave e serviu de alerta para que eu começasse a me cuidar mais. Agora vocês podem achar estranho uma mulher dizer isso, mas estou feliz por ter recuperado meus quilinhos.

O maior problema de morar sozinha, longe da família, é não ter ninguém que cuide de você. O estresse é grande porque você se força a encontrar um bom lugar pra morar, pra trabalhar e tem que arranjar tempo para sua vida social. No início é muito difícil ter esse controle e até hoje tenho picos de nervosismo e isso resulta até em queda de cabelo.

É por isso que acho que a Austrália faz bem para quem tem dinheiro, para quem não precisa trabalhar para se sustentar, para quem só viaja para conhecer os lugares maravilhosos que este país proporciona. De jeito nenhum me arrependi de ter vindo para cá. Meu inglês melhora a cada dia e esse é o meu principal objetivo, mas confesso que nunca pensei que as mudanças que a Austrália faria na minha vida seriam físicas também.

Certamente esse impacto varia de acordo com a pessoa, e talvez eu tenha me cobrado demais em tudo o que fiz e tenho feito por aqui, e o que fez com que o meu corpo acabasse catalisando as preocupações inerentes à viagem… De qualquer forma, a dica para os futuros intercambistas é nunca colocar qualquer objetivo da viagem acima da saúde. Estar sempre atento e se cuidar, que o restante vai se ajeitando.